O Prof. Dr. José Rodrigues de Paiva, do
Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco, acaba de
publicar, em parceria com a Editora Universitária da UFPE, o livro História da Associação de Estudos
Portugueses Jordão Emerenciano: memorial dos 60 anos (1954-2014), para
marcar a data comemorativa deste importante núcleo de estudos que há seis
décadas vem dinamizando inúmeras trocas e intercâmbios culturais, promovendo
congressos, encontros, conferências e debates, além de publicar a revista Estudos Portugueses, sempre tendo como
objetivo ampliar o número de leitores e conhecedores da secular literatura
portuguesa.
O livro – oitavo volume da série memorialista
“Vozes da UFPE”, editada pela EDUFPE – foi composto como um memorial e fornece,
de forma sucinta, importantes dados históricos sobre o universo acadêmico no
que toca ao ensino da literatura portuguesa no Brasil e em Pernambuco, além de servir
também de fonte e testemunho a respeito das diversas mutações pelas quais
passou o ensino superior em nosso estado, da década de 1950 até a
contemporaneidade. Traz ainda um apanhado das principais atividades
desenvolvidas nesse período pela AEPJE, suas contribuições culturais,
acadêmicas, os livros e revistas lançados, e analisa a importância dos eventos
que sempre dinamizaram a cena cultural recifense e proporcionaram a troca de
saberes entre renomados especialistas brasileiros e estrangeiros,
principalmente os portugueses, dos “Seminários de Verão” das primeiras décadas
de sua existência, até a mais recente “1ª Jornada de Estudos Medievais e Renascentistas”,
evento anual que teve sua pioneira versão em junho de 2014. Outro ponto forte
do livro são os aportes biográficos dos presidentes da AEPJE, do fundador
Severino Jordão Emerenciano, um polímata apaixonado pela cultura e literatura
portuguesas, passando ainda por outros inspirados estudiosos, como Joel Pontes
e Francisco Balthar Peixoto, a partir dos quais se revela um pouco da presença
portuguesa no Brasil e em Pernambuco nas seis últimas décadas. Aos interessados
em adquirir o livro, os contatos da EDUFPE: 2126-8397/2126-8395.
TEXTO
DAS ORELHAS DO LIVRO:
“Em 1954, quando a UFPE era ainda a
Universidade do Recife, o professor Severino Jordão Emerenciano, catedrático de
História da Literatura Portuguesa, criou o Instituto de Estudos Portugueses
junto à Faculdade de Filosofia de Pernambuco onde então funcionava o curso de
Letras. Veio-lhe a inspiração para tal projeto, da criação, na Universidade de
São Paulo, de instituição com o mesmo nome e objetivos. O Instituto da USP,
idealizado por Fidelino de Figueiredo desde 1938 e formalizado em 1955 por
Antônio Soares Amora, passaria a ser tomado como modelo pelas congêneres que
viriam a surgir em várias universidades do país com o propósito de apoiar o
ensino, a pesquisa e a extensão em literatura portuguesa.
Foi esse o direcionamento dado pelo
professor Jordão Emerenciano ao Instituto que fundara na Universidade do Recife
como núcleo de apoio aos estudos de Cultura e Literatura Portuguesa, passando,
desde as primeiras horas, a promover cursos, seminários, conferências e
publicando os resultados bibliográficos das atividades dos seus colegas de
ensino e dos seus alunos. Rapidamente a instituição angariou prestígio nos
meios universitários e culturais não só de Pernambuco, mas também em outros
estados. Sobretudo a série dos Seminários de Verão, anualmente realizados e
alcançando um total de 16, veio a constituir-se no principal fator de respeito
alcançado e reconhecido em parcerias tão importantes quanto as realizadas,
entre outras, com o Instituto de Alta Cultura e a Fundação Calouste Gulbenkian,
de Lisboa, ou o Gabinete Português de Leitura de Pernambuco.
O Instituto de Estudos Portugueses
da Universidade do Recife, inicialmente instalado na Rua Nunes Machado, na
Soledade, onde funcionava a Faculdade de Filosofia de Pernambuco, mudou algumas
vezes de sede e também de nome, embora não mudasse de objetivos. Em 1965
passaria da Nunes Machado para o edifício dos Institutos Básicos, no Campus
Universitário e, 10 anos depois, seria transferido para o Centro de Artes e
Comunicação, sempre acompanhando o Curso de Letras. De Instituto passaria a
chamar-se Centro, mas sucessivas reformas universitárias tornaram impróprias
essas denominações, optando-se, em 1973, pela de Associação de Estudos
Portugueses à qual foi incorporado, em homenagem póstuma, o nome do fundador. A
este, na gestão da entidade, sucederam os professores Joel Pontes, Francisco
Balthar Peixoto e o autor deste livro.
Este “Memorial dos 60 anos” da
Associação de Estudos Portugueses Jordão Emerenciano, além de representar um
esforço para deixar um registro de quanto foi feito, é também homenagem aos
que, pioneiramente, construíram essa história”.